quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Profissionalização da Enfermagem no Brasil




    Logo após a Proclamação da República em 1889, a situação da saúde no Brasil era caótica, a população era muito atingida pelas epidemias da época. As pessoas que não tinham condições financeiras para pagar médicos, tinham de ficar internadas nas Santas Casas de Misericórdia, onde o tratamento não era nada higiênico e os pacientes tinham de dividir o mesmo leito, o que acabava aumentando a disseminação das doenças, e muitas vezes levavam os pacientes a óbito. Os cuidados eram praticados por mulheres e escravos, que não tinham conhecimento suficiente para prestar correta assistência aos doentes enfermos,e  se baseavam nas teorias infundadas dos misticismos, das crendices e das religiões. Além disso, no Brasil, havia uma grande necessidade de profissionais que ajudassem os médicos nos cuidados de doentes mentais, o que fez germinar a idéia de criação de uma nova profissão.
    Essa necessidade de pessoas preparadas para auxiliar os médicos nas Santas Casas de Misericórdia, levou os médicos a trazerem, para o Rio de Janeiro, as Irmãs de Caridade francesas, que tinham o objetivo de cuidar dos necessitados nas Santas Casas de Misericórdia. Elas passaram a deter um grande poder administrativo nos hospitais, o que não agradava muito os médicos. Estes por sua vez,  realizavam seus estudos, muitas vezes, na Europa e voltavam ao Brasil cheios de novas idéias e técnicas, porém pelo fato de as Irmãs dominarem o ambiente hospitalar, e serem muito rigorosas quanto aos seus preceitos, agiam com uma certa resistência à modernização das técnicas  de saúde, gerando, assim, um conflito.
    Por força de um decreto de  n. 142, em janeiro de 1890, o Hospício de D. Pedro II, passa a se chamar Hospício Nacional de Alienados e desvincula-se da Santa Casa de Misericórdia. E em agosto do mesmo ano, as Irmãs de caridade deixaram as instituições.
    A saída das Irmãs de Caridade do Hospício, gerou a necessidade de fazer algumas reformas, pois não havia pessoas que trabalhassem no lugar das religiosas.  Para ocupar este cargo, os médicos queriam pessoas que tivessem uma preparação técnica, e que aceitassem se submeter às ordens deles sem contestá-las, foi então, quando surgiu a idéia de criar uma escola que preparasse o pessoal para cuidar dos enfermos. Os médicos psiquiatras do Hospício Nacional dos Alienados trouxeram para cá, o modelo de ensino Frances, visto que era em Paris, que havia um grande desenvolvimento na área da psiquiatria. E por um decreto de Marechal Deodoro da Fonseca, o então presidente da República, foi criada a Escola Profissional de Enfermeiro e Enfermeiras, ficando oficialmente instituído o ensino da enfermagem no Brasil. E enquanto não havia profissionais formados, foram trazidas enfermeiras francesas, não religiosas, para atuarem nos hospitais, no lugar das Irmãs de caridade. A escola preparava profissionais para atuarem em hospitais psiquiátricos, militares e civis.  O curso tinha a duração de 24 meses e para ingressar na escola era preciso saber ler, escrever, conhecer aritmética elementar e apresentar atestado de bons costumes. Os alunos aprendiam: noções práticas de propedêutica clínica; noções gerais de anatomia, fisiologia, higiene hospitalar, curativos, pequena cirurgia, cuidados especiais a certas categorias de enfermos e aplicações balneoterápicas; noções de administração interna e escrituração do serviço sanitário e econômico das enfermarias.
    Em 1923, foi criada a Escola do Departamento Nacional de Saúde, posteriormente chamada de Escola de Enfermeiras Ana Néri. Que preconizava a formação de enfermeiros para atuar na Saúde pública e na área hospitalar. A escola Ana Néri seguia o modelo Nithgaleano americano. Essa escola foi muito bem planejada, o currículo foi criado para atender às necessidades do Brasil. Foi criado um decreto que toda escola de enfermagem tinha que seguir o modelo da Escola de Enfermeiros Ana Néri. A primeira diretora foi Ethel Parson, a primeira turma tinha 14 alunas e os estágios eram feitos no Hospital São Francisco de Assis. O primeiro curso durou 28 meses e depois passou a ser de 32 meses.
    Essas duas escolas foram as mais importantes do Rio de Janeiro, e existem até os dias de hoje, a Escola de Enfermeiros e Enfermeiras passou a se chamar Escola de Enfermagem Alfredo Pinto e agora faz parte da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO. Já a Escola de Enfermeiros Ana Néri, faz parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
    Em São Paulo, no ano de 1916, foi criada, pela Cruz Vermelha Brasileira, um curso de enfermagem. Que preparava  enfermeiros para prestarem assistência aos feridos da Primeira Guerra Mundial.
    Apenas em 1949, houve a regulamentação do Ensino de Enfermagem. Era preciso seguir o padrão de Ministério de Educação e Saúde. Os alunos eram obrigados a ter nível secundário e o curso durava 36 meses. Somente enfermeiras eram diretoras e responsáveis pelas disciplinas. Em 1961, o ensino de enfermagem passou a ser competência exclusiva do Conselho Federal de Educação e o curso passou a ter oito matérias obrigatórias: Fundamentos de Enfermagem; Enfermagem Médica; Enfermagem Cirúrgica; Enfermagem Psiquiátrica; obstetrícia e ginecológica; pediátrica; ética e História da Enfermagem.
               

Atual Ensino de Enfermagem




   O ensino da enfermagem está inserido no atual momento educacional brasileiro, em que as oportunidades para a construção do conhecimento devem somar-se à consciência crítica do aluno, considerando todos os aspectos de ensino, tanto formal como também o aprendizado adquirido e construído no contexto do indivíduo, pesquisa ou extensão para a aprendizagem.  As normas que regem este novo currículo estão baseadas tanto na Lei do exercício Profissional, quanto na Lei de Diretrizes e Bases de educação, de número 9394, de 20 de janeiro de 1996. A LDB criada em 1996, da o direito à instituição de decidir sobre o seu currículo e sobre a forma didático-científica que quiser aplicar. A LDB visa à formação de profissionais que atendam as novas exigências do mercado de trabalho possam vir a ser críticos, reflexivos, dinâmicos, ativos aptos a aprender a aprender.
    A formação tem por objetivo dotar o enfermeiro dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais: à saúde, tomada de decisões, comunicação liderança, administração e gerenciamento e educação permanente.
    Essa questão do ensino da enfermagem vem sendo bastante discutida ultimamente, pois, são constantes os erros praticados por esses profissionais, e isto está totalmente ligado a o ensino da Enfermagem. A impressão que se tem é de que ao final do curso os alunos ainda estão despreparados. Além disso, uma questão muito debatida e que também é referente ao ensino da enfermagem, é a forma tecnista que vem sendo feito os cuidados de enfermagem, a proposta é formar profissionais que tenham uma visão mais holística do paciente, é tentar vê-lo como um todo e não apenas uma doença a ser cuidada.    



 Nova Grade Curricular do Curso de Enfermagem da UFPE, adaptada à LDB


1º PERÍODO
·         Processo de trabalho em Enfermagem
·         Psicologia aplicada à enfermagem
·         Sociologia aplicada à saúde
·         Tópicos de biologia celular e histologia
·         Vivências de educação na saúde do trabalhador
·         Ética do cuidado
2º PERÍODO
·         Anatomia para enfermagem I
·         Bioquímica de macromoléculas
·         Enfermagem em situação de urgência na comunidade
·         Física e biofísica
·         Fisiologia para enfermagem I
·         Metodologia da pesquisa I
·         Microbiologia e imunologia
·         Organização do sistema de saúde no Brasil
·         Vivências de educação em saúde
3ª PERÍODO
·         Anatomia para enfermagem II
·         Bioestatística
·         Enfermagem na saúde do adulto e do idoso na atenção básica I
·         Fisiologia para enfermagem II
·         Fundamentos da nutrição
·         Introdução a farmacologia
·         Introdução a enfermagem em saúde mental
·         Organização dos serviços de saúde na atenção básica
·         Parasitologia
·         Processos patológicos gerais
4º PERÍODO
·         Biologia do desenvolvimento humano
·         Bioquímica metabólica
·         Enfermagem em saúde mental na atenção básica
·         Enfermagem na saúde do adulto e do idoso na atenção básica II
·         Genética humana I
·         Nutrição clínica
·         Práticas de educação permanente em saúde
5º PERÍODO
·         Enfermagem nas situações clínicas e cirúrgicas do adulto e idoso
·         Farmacologia II
·         Organização dos sistemas de saúde na média e alta complexidade
6º PERÍODO
·         Assistência de enfermagem ao paciente crítico
·         Enfermagem e cuidados paliativos
·         Enfermagem nos transtornos mentais I
·         Informática aplicada a enfermagem
·         Metodologia da pesquisa II
·         Práticas integrativas e complementares
·         Psicologia do desenvolvimento
7º PERÍODO
·         Anatomia para enfermagem III
·         Enfermagem na saúde da mulher em situação gineco-obstétrica na média e alta complexidade
·         Enfermagem na saúde da mulher na atenção básica
·         Enfermagem nos transtornos mentais III
·         Fisiologia para enfermagem III
8º PERÍODO
·         Enfermagem na saúde da criança – adolescente e família na atenção básica
·         Enfermagem na saúde do recém-nascido ao adolescente em serviço de média e alta complexidade
·         Vivências de educação na saúde da mulher – criança e adolescente
9º PERÍODO
·         Estágio curricular de enfermagem na atenção básica
·         Trabalho de conclusão de curso I
10º PERÍODO
·         Estágio curricular de enfermagem nos serviços de média e alta complexidade
·         Trabalho de conclusão de curso II







FONTE:O ensino de enfermagem e as diretrizes
curriculares nacionais: utopia x realidade. Revista de Enfermagem da USP. 2006
Comentário: Aulas ministradas pela professora Márcia Linhares, nos dias 21-09-2011 e 26-09-2011

Um comentário:

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